terça-feira, 22 de agosto de 2017

Rosalia Lemos
Museus e as feministas negras

Foto: Emanuelle Góes - Passagem do 14 Mundo de Mulheres para Moçambique no Fazendo Gênero 2017

Saudações Feministas

Queridas companheiras de tantas andanças e lutas, quando recebi o convite e li os nomes das convidadas, confesso que me deu vontade de cancelar minha ida à Festa da Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte, em Cachoeira, BA.
Não estar presente me deixa triste, pois sei da importância de todas nós, e da relevância da temática, além do ineditismo da proposta. Queria comemorar tanta coisa com todas vocês…. Isso porque, com algumas vivi momentos especiais. Cito Branca Moreira Alves, por não esquecer do chá que tomamos em frente ao Consulado Americano e falamos sobre nossas histórias de vida. Adorei saber que tínhamos tantas coisas em comum, apesar de tantas diferenças. Você, Branca, era presidente ou presidenta do CEDIM. Outra companheira que sempre comemoro ter cruzado meu caminho é Madalena Güilhon, amo!
Poderia citar várias de vocês presentes neste evento, mas sei que vocês têm uma tarefa a cumprir neste 15 de agosto de 2027, e eu, após um semestre intenso no ofício de educadora, necessito renovar minhas energias ao lado de Irmãs, que ao longo da formatação deste país, têm atuado organicamente por um mundo melhor. E vale ressaltar que o trabalho da Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte, data dos tempos sombrios do período escravagista no Brasil.
Bem,  agradeço e parabenizo o Museu Histórico Nacional,  em especial à Aline Montenegro, por colocar em prática um desejo de muitas feministas - sei que Hildete Pereira se dedica de forma incansável nesta missão - de não só refletir sobre a presença das mulheres nos museus, como transformar desejo em realidade.
Me sinto honrada por ser lembrada por vocês. Muito obrigada mesmo querida Aline, que pelo tantinho que conversei com você, sei que é uma mulher especial, e tem a missão de consolidar a ponte entre os diferentes Feminismos para revolucionar as estruturas dos Museus em nosso país.
E porque digo Feminismos? Pois somos diferentes, negras e brancas, porém temos zonas de intercessão que unificam nossas lutas. Tenho testemunhado isso nestes 37 anos de feminista negra ativista.
Nossa dinâmica tem sido assim: quando está tranquilo e favorável, construímos coletivamente. E, no momento em que se instalam tensão e conflito , os desafios sempre foram enfrentados, com ou sem rompimentos, o que possibilitou a construção de  uma relação respeitosa entre nós.
Esse momento é um deles, do tranquilo e do favorável. E a seguir falarei um pouquinho sobre o objetivo desta Roda de Conversa.

Breves considerações sobre as negras nos museus

De imediato informo que não sou estudiosa de museus, sou apenas uma consumidora dos encontros do passado-presente da humanidade. Gosto de visitar museus.
É interessante assinalar, que se por um lado temos acervos sem espaços específicos para a sua conservação e preservação, por outro temos relevante quantitativo de documentos dispersos e, o pior, inacessíveis para otimizar pesquisas, estudos e valorização da memória de tantas brasileiras.
Como exemplo, todo o acervo de Lélia Gonzalez merece um tratamento digno,  para que as gerações atuais e futuras entrem em contato com a riqueza dos escritos.
Outra mulher negra com grande contribuição para a sociedade brasileira foi Maria Antonieta de Barros, cujo acervo tem despertado o compromisso da professora Jeruse Romão, de Florianópolis, em se empenhar para conseguir destino que possibilite o contato de todos  e todas com os registros de seu legado.
Decerto, que poderia citar outras mulheres negras,  uma vez que nossa produção ainda habita o submundo da cultura neste país, mas cabe às feministas comprometidas evitar que o tempo apague nossa passagem por esse planeta.
Penso que todos os Museus deveriam ter uma galeria exclusiva para as mulheres. Tem horas que me canso de ver tanto falos pendurados nas paredes.
Em sua pesquisa de mestrado, Joana Flores, estudou Mulheres Negras nos Museus de Salvador, identificou discriminações que necessitam ser eliminadas destes ambientes.
Assim, abaixo seguem algumas sugestões.

Algumas sugestões

  1. Mapear Acervos em trânsito ou deslocados;
  2. Identificar publicações sobre a temática;
  3. Organizar Seminários;
  4. Atuar para criação de galeria em todos os Museus sobre a História dos Feminismos e das Mulheres Brasileiras - Negras e Brancas.
Referência
FLORES, Joana. Mulheres Negras e Museus de Salvador: diálogo em preto e branco. Salvador, 2017.

segunda-feira, 6 de junho de 2016


Foto Comunidade Quilombola Parateca - março/2015 - aquivo pessoal

Neste artigo, reflito as relações raciais no Brasil, fundamentada na epistemologia feminista negra. Sabe-se que são inúmeros os questionamentos e incertezas sobre a possibilidade de construção de uma nação, na qual a cidadania seja plena para todas as pessoas. As lutas empreendidas pelos Movimentos Negro e Feminista Negro, ao longo dos tempos, atualizam as pautas de reivindicações. O texto apresenta a discussão sobre a mulher Negra; a formação do pensamento racializado na nação brasileira. Abordo, ainda, alguns episódios racistas na atualidade; em seguida, o papel ativista das Mulheres negras será brevemente discutido. As considerações buscam destacar alguns desafios para a construção de uma nação inclusiva.

Revista da ABPN • v. 8, n. 18 • nov. 2015 – fev. 2016, p.339-70
www.abpn.org.br/Revista/index.php/edicoes/article/viewPDFInterstitial/597/500

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Encruzilhadas por todo percurso: individualidade e coletividade no movimento negro de base acadêmica

E o dilema persiste até os dias atuais. 
Existe uma incompatibilidade em ser intelectual e militante?
Quais são as expectativas: do ser? da academia e da militância?
Existe ou não uma desqualificação dos campos em questão, um contra o outro?
Enfim, são questões que o tempo todo habita o meu ser.
Parabens Alex Ratts, por caminhar nesta reflexão.

http://www.geledes.org.br/encruzilhadas-por-todo-percurso-individualidade-e-coletividade-no-movimento-negro-de-base-academica/#ixzz3xb5QXV3f

domingo, 17 de janeiro de 2016




Fonte da imagem: http://dermatologiapelenegra.blogspot.com.br/2010/11/camisetas-cabelo-duro-camisetas.html

Não entendo o uso de determinadas palavras... parece que querem "amenizar". 
Uma delas é o termo etnia no lugar de raça. 
Ora, etnia se refere à identidade cultural, então sempre me pergunto..... Quantas etnias tem na comunidade negra brasileira?
A outra é esse papo de cabelo Afro. 
Vejamos... porquê não falar cabelo de negros e negras?? Ou falar cabelo duro???
Isso mesmo, meu cabelo é duro!!!!!!
Parece propaganda de Empresas de Cosméticos: "cabelo rebelde"; "cabelo difícil"....
Enfim... só reprodução do que eles fazem com o povo negro, que sem perceber - ou percebendo - reproduz esses conceitos e termos que só nos fazem cada dia mais "diferentes".
Vale a pena citar Norbet Elias em “A sociedade dos indivíduos”:

"Mas as oportunidades entre as quais a pessoa assim se vê forçada a optar não são, em si mesmas, criadas por essa pessoa. São prescritas e limitadas pela estrutura específica de sua sociedade e pela natureza das funções que as pessoas exercem dentro dela. E, seja qual for a oportunidade que ela aproveite, seu ato se entremeará com os de outras pessoas; desencadeará outras sequências de ações, cuja direção e resultado provisório não dependerão desse indivíduo, mas da distribuição do poder e da estrutura das tensões em toda essa rede humana móvel."

sábado, 16 de janeiro de 2016


Marcha das Mulheres Negras 2015 contra o Racismo e a Violência e pelo Bem Viver
18 de novembro de 2015 - Brasília - BF - Brasil

O dia 18 de novembro para as mulheres negras desse país entrou para a história.Mais de 50 mil companheiras - de diferentes partes do Brasil - estiveram juntas em Brasília para demarcar a ação política e o protagonismo das mulheres negras!!!Muita emoção, orgulho e resistência!!!No entanto, o curso normal da nossa Marcha, foi atravancado pela ação de um grupo de direita, que estava acampado em frente aos Congresso Nacional.
Comecei a filmar... tremia muito... logo, fiquei sem voz...
Mas, por um bom tempo, meu celular foi testemunha da covardia.
Meu filho, Rudá Lemos, editou.
Eis o produto!
Comecei a filmar... tremia muito... logo, fiquei sem voz...Mas, por um bom tempo, meu celular foi testemunha da covardia.Meu filho, Rudá Lemos, editou.


Conversando com Lélia Gonzalez



http://blogueirasnegras.org/2015/08/06/tributo-a-lelia-lancamento-do-projeto-memoria-lelia-gonzalez/